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PLEI (2020)

A exposição PLEI parte de um processo de pesquisa coletivo desenvolvido por Carlos Nunes, Dora Smék, Reginaldo Pereira, Renato Leal, Tchelo e Lola Fabres como resultado de um jogo de 15 dias entre os artistas e o espaço expositivo do Massapê Projetos em São Paulo - SP, Brasil.

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PLEI

Partimos do princípio de que não havia princípio nenhum. Desapegamos dos temas e de toda seara conceitual que poderia ligar diferentes óticas em um só campo de ação. Ao invés de uma ideia expositiva, o que nós queríamos era outro modo de se ter ideias. Buscamos, mais que nada, um desafio compartilhado. E na dispensa dos hábitos e dos protocolos de cada um, nesse distanciamento dos métodos individuais, criou-se um processo coletivo.

A partir disso, da arquitetura, veio o chão. Ergueu-se um novo piso feito em folha de papel. Sempre nos interessou aquela fragilidade. Instigava-nos aquela base à mercê do peso das coisas, disponível para que se rascunhasse pelo espaço. Assim, conformou-se, aos poucos, uma nova extensão de um solo entrecortado, uma superfície pensada para por em xeque um campo flutuante de matérias e distâncias, a partir de um juízo em comum.

Em quinze dias de ativação, instalou-se um jogo cujo regramento estabelecia-se por si mesmo. A cada jogada, aparecia uma nova tensão. Mas aquele exercício fenomenológico implicava acordos. Qualquer peça movida afetava seu entorno – e qualquer afetação exigia um consenso. Foi assim que operamos no espaço, abdicando do vetor de oposição entre polos opostos, em nome da soma conjunta de gestos.

E enquanto isso, o piso nunca deixou de se impor sobre tudo aquilo que sustentava. Virava um guia, ao mesmo tempo em que uma restrição. Propunha arranjos, bem como a vontade de rompê-los. Trazia suas brechas, mas também seus próprios confins. Nada mais que um embate entre o rigor e a contingência. Um embate de ordem e transgressão. Era um jogo possivelmente sem fim. Assim, foi preciso interrompê-lo e abandonar o tabuleiro - para tornar público, compartilhar.
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Lola Fabres

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